Por: Jay L. McCaman – Texto traduzido e adaptado por Dr. José Carlos Vieira de Almeida
Uma planta daninha é qualquer planta fora do lugar ou num local indesejado. Mas qual é o verdadeiro propósito das plantas daninhas?
Plantas daninhas, ecologicamente, são as primeiras plantas a habitar solos perturbados ou deficientes em nutrientes. A maioria das plantas daninhas cresce em solos que são ricos em nitratos e são dominados por bactérias. Ao estudar o tipo de planta daninhas que cresce em certo local, é possível se começar a descobrir quais as condições são limitantes desse referido local. O verdadeiro propósito das plantas daninhas (acredite ou não) é de melhorar o solo. Muitas plantas daninhas atuam como coletoras de minerais deficientes do solo. A natureza não gosta de solos nus, então ela encontra algo para cultivar (plantas daninhas) que melhoram o solo para que outras plantas possam crescer.
Cada planta é um indicador das condições que existem num determinado local e indica até que tipo de problema que algumas culturas agronômicas (milho, soja, trigo, feno) podem sofrer. As plantas daninhas nos dão uma pista do quais fatores são limitantes ou estão em excesso. Por exemplo, o dente-de-leão (Taraxacum officinale) parece produzir um movimento trazendo cálcio (Ca) de volta à superfície do solo. Tem uma raiz de muito profunda, até 1,20 metros e quando morre e se decompõe, libera cálcio (Ca) na superfície do solo para outras plantas e adiciona matéria orgânica do solo (MOS). Os dentes-de-leão geralmente crescem em solos que podem ser mal drenados, sem ou com baixo teor de cálcio (Ca) e alto teor de potássio (K). À medida que o solo começa a se recuperar em cálcio, diferentes plantas começam a dominar. As plantas daninhas que predominam então são gramíneas, depois dão lugar a arbustos, voltam-se para bosques e depois florestas e isso é chamado de sucessão natural.
Aqui estão alguns exemplos de plantas daninhas comuns e o que elas podem ou não nos dizer. Espécies de capim rabo de raposa (Setaria viridis) predominam em campos que são trabalhados com muita umidade no início da estação de plantio com baixa disponibilidade de fósforo (P), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), mas com alto teor de potássio (K) e alguns micronutrientes.
O cálcio (Ca) permite que o solo se disperse mais enquanto o magnésio (Mg) tende a agregar mais os solos. Este solo com alto teor de potássio e baixo magnésio tende a se dispersar mais formando crostas e rachaduras induzindo baixa movimentação do ar no solo, criando condições de anaerobiose (falta de oxigênio). Muitos agricultores tentariam resolver esse problema cultivando o solo, mas o preparo excessivo faz com que o preparo piore as coisas. O capim rabo-de-raposa tem minúsculas raízes fibrosas que estão adicionando matéria orgânica e tentando arejar o solo naturalmente.
Calagem, evitar trabalhar solos úmidos e cultivar uma boa cultura de cobertura após a cultura principal pode melhorar os problemas com plantas daninhas e rabo-de-raposa ao longo do tempo.
Os campos comuns de ambrósia (Ambrosia artemisifolia) tendem a ser baixos em cálcio (Ca) e potássio (K), mas ricos em P e muitos micronutrientes. Os solos tendem a ter boa drenagem, mas são baixos em matéria orgânica. Adição de calcário e potássio pode ajudar a controlar esta erva daninha. Para o capim amargoso (Digitaria insularis), os solos onde se encontram tendem a ser baixos em cálcio (Ca), P, manganês (Mn) e cobre (Cu), mas rico em potássio (K) e ferro (Fe) com baixa matéria orgânica, baixa porosidade, má drenagem e solos em anaerobiose (baixo oxigênio). Como o rabo-de-raposa, o preparo do solo pode não ajudar, especialmente quando os solos estão com alta umidade. Adicionar os nutrientes que estão faltando e aumentar a matéria orgânica é a solução para esta espécie. No caso de grama-seda (Cynodom dactylon), o ambiente mais usual é aquele com baixos teores de fósforo (P), para resolver o problema com esta espécie basta corrigir o solo com fósforo (P) que ela desaparece naturalmente.
Plantas de difícil controle como o caruru (Amaranthus palmeri) também prospera em campos de cálcio (Ca) e fósforo (P) baixos com potássio (K) alto e matéria orgânica baixa. O caruru (A. palmeri) se sai melhor em solos altamente porosos com alto teor de enxofre (S), ferro (Fe) e cobre (Cu) e menor umidade (solos mais arenosos). Enquanto o caruru tem muitas sementes (250-500K) por plantas, as sementes têm uma baixa taxa de sobrevivência. Estas plantas se adaptam em solos compactados e com condições de campo anaeróbicas (baixo oxigênio). O caruru se adapta bem em solos desnudos perturbados, sem competição, portanto, plantar uma cultura de cereais que rapidamente cobrem o solo geralmente pode ajudar a reduzir a população dessas plantas daninhas.
Muitas das minhas declarações são baseadas em observações gerais e situações de campo individuais e podem variam muito. Centeio, rabanete, sorgo, cereais ou culturas de cobertura multi espécies podem competir com muitas espécies daninhas, além de possuírem potencial alelopático (herbicida natural) sobre a maioria das plantas daninhas.
Manter os solos saudáveis geralmente resulta em melhor estado nutricional, menos plantas daninhas ao longo do tempo e culturas mais saudáveis.
Fonte: “When Weeds Talk” por Jay L. McCaman.
Nunca tinha pensado nisso dessa forma.
Fiquei esclarecida.
Obrigada!